EDEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES

O que é Edema?

Edema é o acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial, que é o espaço que existe entre as células e fora dos vasos sanguíneos. Pode ser localizado ou generalizado. 

Os mecanismos que geram o edema são: 

  • Elevação da pressão hidrostática dentro dos capilares sanguíneos: isso ocorre quando o sangue tem dificuldade de retornar ao coração pela veias e a linfa extravasa para os tecidos do corpo; 
  • Diminuição da pressão coloidosmótica plasmática: isso ocorre quando a albumina do sangue (principal proteína da circulação) está baixa e não consegue reter o líquido dentro dos vasos sanguíneos;
  • Alterações da permeabilidade dos capilares sanguíneos: ocorre quando tem inflamação como nas queimaduras, traumas e dengue.  
  • Obstrução da drenagem linfática natural do corpo. 

A avaliação do edema leva em conta o tempo de aparecimento, localização, progressão e se há histórico cirúrgico.

Pode ser graduado em cruzes, pela avaliação clínica. Edemas de 1+/4+ são discretos e apenas de extremidades, quase imperceptíveis ao exame, entretanto os edemas graduados em 4+/4+ são de grande monta, facilmente perceptíveis, e se estendem até a raiz da coxa, abdome e face, além de poder haver acúmulo de líquidos em espaços em torno do coração, pulmões e intra-abdominal. O impacto na qualidade de vida do paciente é proporcional a gravidade e a causa de base.

Classificação

Para auxiliar no diagnóstico da doença que provoca o edema, dividimos em:

EDEMA AGUDO UNILATERAL

O edema agudo unilateral pode ser desencadeado por fatores como a trombose venosa profunda. Nesse quadro o paciente desenvolve, paralelamente ao edema, eritema (vermelhidão), dor na panturrilha, além do poderem ser observadas em alguns casos veias palpáveis e dolorosas. O aumento da circunferência de uma das panturrilhas é em um dos mais importantes achados do exame clínico, e direciona para trombose venosa profunda. 

Quando se avalia um edema unilateral agudo, devemos considerar a probabilidade individual do quadro ser trombose venosa profunda (escore de Wells). Sendo moderada a alta probabilidade, o melhor exame confirmatório é a ultrassonografia com Doppler do membro afetado.

Em pacientes com edema agudo bilateral pode haver alguma assimetria, sendo importante avaliar os dois membros em relação ao quadro anterior. Também a doença venosa crônica pode surgir assumindo características assimétricas.    

Além da trombose, outros diagnósticos devem ser considerados, como lesão muscular, lesão ligamentar, artrites, edema da perna em membro parético, infecções (erisipela e celulite) e cisto poplíteo (de Baker) roto.

EDEMA AGUDO BILATERAL

Quando os dois membros são acometidos, devemos pensar em condições sistêmicas e não locais. Por exemplo, a síndrome nefrótica, doença em que se perde proteína na urina (proteinúria), a albumina do plasma fica baixa e a linfa extravasa, dando origem ao edema generalizado, que fica evidente nos membros inferiores, pela força da gravidade.

O edema agudo bilateral pode decorrer de efeito de medicações, como bloqueadores de canal de cálcio di-hidropiridínicos, hidralazina, metildopa, clonidina, corticoides, hormônios, quimioterápicos, gabapentina, pregabalina. 

Apesar de rara, a trombose venosa profunda bilateral ou tombose de veia cava inferior pode manifertar com edema bilateral.

EDEMA CRÔNICO UNILATERAL 

O edema unilateral quando crônico pode ser devido a doença venosa crônica, que se caracteriza por veias superficiais visivelmente dilatadas, telangiectasias (pequenos vasos visíveis na pele), dor, dermatite ocre (pele acastanhada), lipodermatoesclerose (pele grossa e de textura áspera) e úlceras em diferentes estados de evolução. 

Pode ser manifestação de linfedema, por redução de drenagem linfática, como ocorre nas infecções de pele de repetição, elefantíase (filariose), retirada dos linfonodos (inguinais ou pélvicos), radioterapia. 

Uma das manifestações da síndrome de dor regional complexa é o edema crônico unilateral. Essa síndrome pode ocorrer após 4 e 6 semanas após trauma local e observa-se, nesses casos, dor, edema, alteração na temperatura, alteração na cor do membro, sensibilidade e mudanças tróficas, constituindo um diagnóstico principalmente clínico.

As neoplasias da região pélvica também podem contribuir para o surgimento de edema crônico unilateral. Nesses casos, ocorre compressão das veias ou do sistema linfático pelo tumor, mais comum por neoplasia de ovário, endométrio, bexiga e linfoma.

EDEMA CRÔNICO BILATERAL 

Algumas condições podem resultar em edema crônico bilateral. A principal delas é a doença venosa crônica. Outras doenças sistêmicas podem ter manifestação de edema em membros inferiores. A cirrose, por exemplo, além de edema em membros inferiores, tem outras alterações, como:

  • Icterícia;
  • Prurido;
  • Hemorragia digestiva; 
  • Encefalopatia hepática; 
  • Ascite (que pode chegar a grandes volumes);  
  • Edema de membros inferiores. 

Dentro das causas sistêmicas de edema estão a insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar e doença renal crônica, todos envolvendo retenção de sódio e líquido, e no caso da síndrome nefrótica redução da albumina com eliminação dela na urina. Medicamentos, linfedema, mixedema pré-tibial e neoplasia em pelve também se enquadram nas causas de edema crônico bilateral.

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